segunda-feira, 10 de agosto de 2009

4. Formação em Psicologia e Psicoterapia Fenomenológico Existencial

O sentido da palavra formação aponta para um sentido da idéia de educação que a-companha a cultura da Civilização Ocidental desde a Grécia antiga. Este sentido não se sa-tisfaz, meramente, com a aprendizagem de um conhecimento teórico, com a aprendizagem de habilidades técnicas; não se satisfaz meramen-te com a aprendizagem de um conhecimento científico, com a aprendizagem ou com o de-senvolvimento de habilidades práticas; com o desenvolvimento de atitudes moralistas, ou com o mero adestramento.
A formação envolve a elaboração experi-mental (aqui num sentido fenomenológico exis-tencial), o desenvolvimento do ser humano co-mo um todo, o contato, a apreensão e a compreensão, e interpretação, de certos valo-res, de certas atitudes ontológicas e epistemo-lógicas, que envolvem a pessoa do formando em seu ser. Isto, fundamentalmente, porque li-dar com seres humanos, frequentemente em situações críticas, de um modo fenomenológico existencial, é também lidar consigo mesmo, e ter a si mesmo como instrumento. O que en-volve vivência e desdobramento ontológicos de toda uma concepção da realidade, da condição humana, e da alteridade.
O psicólogo e o psicoterapeuta fenome-nológico existenciais se capacitam a ser partí-cipes de relações existencialmente arraigadas, significativas, e críticas, nas quais a elaboração vivencial potencializa a atualização de possibi-lidades fenomenológico existenciais, que se constituem como vivência criativa, na supera-ção do status quo, seja de pessoas individuais, seja de grupos humanos.

Esta participação demanda do psicólogo e do psicoterapeuta um privilegiamento, e, por isto, uma aceitação, e afirmação, da dimensão da dialogicidade inter humana da experiência vivida, na relação com seus clientes. Uma ex-periência eminentemente fenomenológica e e-xistencial, empiricamente fenomenal, e experi-mental, que demanda a habilidade de transitar, de se movimentar, e criativamente atuar, nas dimensões não teorizantes, não ci-entíficas, não técnicas, não práticas não mora-listas, mas existencialmente afirmativas, ativas e atualizantes, criativas, da vivência fenomeno-lógico existencial de ser-no-mundo.

De modo que a mera aprendizagem de técnicas e do técnico é por si só inadequada e incompetente, da mesma forma que o é o mero aprendizado do conhecimento teórico, científi-co; e o são, além de danosas, as atitudes me-ramente moralistas, práticas e pragmáticas.

Assim, a formação em psicologia e psico-terapia fenomenológico existencial, hermenêu-tica que é, demanda o desenvolvimento da pes-soa do psicólogo como um todo. A compreensão e a elaboração de valores que propiciem, na vi-vência do seu trabalho, o privilegiamento da dialogicidade -- naturalmente fenomenológica e existencial --, da experiência existencial inter humanamente compartilhada, e de suas possi-bilitações.

A formação em psicologia e psicote-rapia fenomenológico existencial direciona-se, assim, neste sentido, de prover uma opor-tunidade e recursos, vivenciais, teóricos, e de supervisão, para o formando, em suas dimen-sões de fundamentação teórica e filosófica, a-prendizagem vivencial, e de supervisão.